Atualmente muito se fala sobre propósito, sobre ter um objetivo definido, sobre metas, sejam elas para nosso trabalho ou vida pessoal. Vivemos num mundo “BANI” hoje em dia – onde este acrônimo, criado em 2018 pelo antropólogo Jamais Cascio, significa: “Brittle, Anxious, Nonlinear, Incomprehensible”, ou no nosso português “Frágil, Ansioso, Não linear e Incompreensível”. Mas o que isso tem a ver com o caminho do yoga?
Costumo dizer que meu caminho no yoga tem muitos anos. Tive contato pela primeira vez lá na adolescência, mas eu era agitada demais para compreender. Muitos anos depois, fui fazer algumas práticas porque tinha tempo livre e me pareceu uma boa forma para me exercitar (sim, no início o yoga era uma prática física somente). Com o passar do tempo, juntando com a minha eterna curiosidade sobre as coisas, resolvi aprender mais e aperfeiçoar aquelas práticas que me traziam tanto bem-estar e eu não entendia por quê.
Nessa época da minha vida, o meu mundo já era “BANI”. Trabalhava no mercado corporativo, numa área de tecnologia e com uma vida totalmente “fora” correndo de um lado para outro, sem perceber o que me acontecia, como isso tudo me afetava. E tinha muitas metas a serem cumpridas, mas poucas delas eram realmente minhas. Em 2014 tive um problema de saúde, onde decidi que estava na hora de mudar algo com relação a toda turbulência que vivia. Algo que fizesse sentido “para dentro”, que me conectasse a uma vida com mais significado. E foi por aí que o caminho do yoga tomou novo rumo.
Nesse meu novo caminho fui encontrando discernimento entre o que estava correto e o que não me fazia muito bem. Fui observando o que as práticas produziam de benefícios ali no tapetinho e depois, fora dele. Fui aprendendo o que a respiração consciente produz de resultado na mente, e a refletir sobre as emoções que se apresentam no momento. Durante as meditações fui aprendendo a escutar os silêncios (sigo aprendendo a cada dia, não é fácil silenciar).
Criei uma melhor conexão comigo mesma e consequentemente melhorando a conexão com os outros. Sigo descobrindo e ampliando a consciência do meu mundo interno. Ganhei liberdade de pensamentos, emoções e novas escolhas.
O mundo lá fora segue seu curso “BANI” e eu faço parte dele. Continuo tendo algumas metas e obrigações. E o mundo, aqui dentro, segue ganhando mais sentido, mais saúde e mais vida.
Acho que é por aí o tal caminho do autoconhecimento. Sigo trilhando.
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