Ir a festivais, feiras, workshops, retiros e afins é sempre uma grande oportunidade de novos aprendizados e muitas trocas.
No caso do yoga, temos ainda práticas que nos inspiram, nos desafiam e oferecem novos olhares internos.
Vou compartilhar aqui algumas reflexões dos últimos festivais e retiros que estive:
Linguagem:
Como é importante ter uma linguagem acessível para todos. No assunto yoga temos muitas palavras em sânscrito (linguagem que foi usada na maioria dos escritos mais antigos) que possuem mais de 1 significado. Interpretar não somente as palavras, mas o contexto que elas foram escritas é de grande valia quando estamos ouvindo sobre yoga. Além disso, a filosofia, por si só, já é bem desafiante, com muitos aspectos sutis de entendimento. Tornar a linguagem simples é possibilitar que mais pessoas possam compreender melhor o yoga.
Exemplos da nossa vida cotidiana:
Trazer exemplos simples, que a gente tenha experimentado, aproxima o assunto de quem está escutando. Numa palestra, o exemplo era sobre levar o cachorro para passear e ouvir um elogio desse cachorro – ela estava explicando sobre Contentamento (Santosha em sânscrito), um dos preceitos éticos do yoga (um dos Nyamas). Num outro, ao falar do ego e interpretação da nossa mente (ahamkara é um dos 6 níveis da nossa mente segundo a filosofia do yoga), foi trazido um exemplo sobre a interpretação de infância entre 2 irmãos, onde o fato tinha acontecido com um deles mas o outro tinha se “apropriado” da estória. Exemplos do cotidiano que ajudam a entender como o yoga se dá na vida da gente e não somente em cima do tapetinho numa prática.
Humor:
Vocês já repararam como a nossa mente grava situações engraçadas mais facilmente? Os assuntos densos quando tratados com certa dose de humor, situações engraçadas e até exageradas nos conectam com a realidade à nossa volta. Em uma das palestras sobre imunidade mental, o palestrante ficou brincando com as pessoas que tem biotipo Vata da Ayurveda (de uma forma muito simplista, são pessoas que são mais “aéreas” que outras), além de fácil de entender, a plateia ficou atenta ao assunto, rendeu risadas e interagiu. Fui me dando conta como a nossa comunicação é importante. Nossa mente “interpreta” o que escuta com certa lente. Quanto mais clara, óbvia e real for a nossa fala (nem vou mencionar o aspecto escuta), melhor nos comunicamos, seja numa palestra ou com as pessoas com as quais nos relacionamos no dia a dia.
Experiência Direta:
Yoga não é teoria, é experimentação.
Quando a gente leva um assunto para a mente, saímos do “coração”, do sentir, do perceber. Saímos do agora e vamos para o campo dos pensamentos e interpretações. A experiência direta nos conecta com o momento presente. Pensa aí como está a sua respiração nesse exato momento. Viu? É a experiência direta te conectando ao instante do agora. E isso não vale somente pro yoga. Vale para quando estamos conversando com alguém, brincando com uma criança ou mesmo ouvindo uma música. Te conecta com a experiência e observa o que você sente. É um enorme aprendizado. Além de nos trazer para o único momento que realmente existe : o agora.
Estar inteiro nas situações:
Dar o nosso melhor em cada coisa que estamos fazendo. Repara que estar por inteiro na ação nos conecta com o processo, com o que tá acontecendo de verdade. Não controlamos os resultados de nossas ações, mas podemos trabalhar para que elas estejam na direção do que desejamos. Aquela ideia de “fazer o melhor que você pode” te aproxima do resultado.
Equanimidade:
Cada vez mais ouvimos essa palavra quando o assunto é saúde integral. Equanimidade é um estado de equilíbrio mental e emocional no qual mantemos a calma, a serenidade e a estabilidade de espírito, independente das circunstâncias externas. Diante de situações desafiadoras, quem nunca teve reações excessivas de euforia ou desespero? Trazer esse equilíbrio para a nossa vida parece ser sempre o melhor caminho. Num dos assuntos que escutei, o palestrante falava do que ingerimos, seja no que diz respeito aos alimentos, mas também nos pensamentos, conteúdos, leituras, etc. Essa busca por uma equanimidade passa por uma maior consciência sobre a gente e sobre o que nos rodeia e nos afeta.
Conexões:
Todos esses pontos que abordei acima, estão ligados às trocas que fazemos uns com os outros. Não existimos sozinhos. Aprender sobre nós mesmos me parece um grande caminho (e um enorme desafio também) para que nossas trocas possam ser mais ricas, alegres e complementares. Estar num tapetinho de yoga, com os olhos fechados, observando o que acontece com a gente é o começo de uma jornada. Tomar consciência de quem somos e para onde queremos ir é se tornar consciente do seu próprio processo. Só assim podemos ter interações melhores com os outros e com a gente mesmo.
Poderia aqui trazer mais um monte de outras reflexões sobre essas experiências, mas já me pareceram suficientemente grandiosas para parar um pouco e refletir como eu estou atualmente nessa minha própria jornada.
Boas reflexões para você também!
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