Precisamos de um Retiro

No atual contexto que vivemos, com agendas cheias de compromissos, prazos e responsabilidades, me parece que nos ocupamos demais e não paramos para olhar para dentro, para o que estamos vivendo ou sentindo, para descansar ou somente contemplar a natureza que nos rodeia. A vida real acontecendo.

Vocês já repararam no tempo da natureza? O sol nascendo ou se pondo? O cantar dos pássaros na aurora? No barulho que a água faz no leito por onde ela passa? No vento que mexe nas copas das árvores agitando o silêncio da montanha? Ou ainda no calor da terra quando tiramos nossos sapatos e pisamos no chão?

Pois bem, fui fazer um retiro para me desconectar um pouco, sem expectativas das atividades propostas. Só queria mesmo estar lá, em contato com a natureza e com novas pessoas, sem celular, me permitindo olhar mais para dentro, silenciar, refletir, descansar, ouvir e contemplar. Palavras que muitas vezes usamos mas pouco praticamos nessa vida corrida que levamos.

No livro “A Sociedade do Cansaço”, o autor Byung-Chul Han nos convida a muitas reflexões. Uma delas vou transcrever aqui : ‘A sociedade de desempenho é uma sociedade de auto exploração. O sujeito de desempenho explora a si mesmo, até consumir-se completamente’.

Quantas vezes isso acontece com você, comigo, com todos? Nossos dias estão repletos de “tarefas”. Mal acabamos uma, outra nos espera, quando não estamos fazendo mais de uma ao mesmo tempo. É importante e urgente colocarmos “uma tarefa” nos nossos dias : a gente mesmo. Dar um tempo sem “algo para fazer”. Ocioso mesmo.

Aquela frase “menos é mais” é muito propícia para isso. Nos conhecer melhor, aprender um pouco mais sobre nossos processos, nossas escolhas, para onde estamos caminhando, se isso nos agrada ou não, do que realmente gostamos e nos importamos, o quanto estamos nos escutando. É nesse “menos” que adquirimos o “mais”.

Um retiro serve para proporcionar esse ambiente de introspecção, de descanso, de aprendizado. “Ashrama” é a palavra em sânscrito que quer dizer um lugar de retiro espiritual, onde se dedica tempo para práticas, estudos e meditações. Existem muitos pelo mundo afora.

Mas nem sempre podemos ir para mais longe, num lugar bonito, cercado de natureza. Mas podemos fazer pequenos “retiros” ao longo dos nossos dias.

A meditação pode ser um desses momentos onde exercitamos um olhar para nós mesmos em silêncio. Mas existem outras tantas possibilidades: dançar sozinho ouvindo uma boa música, caminhar num parque, molhar os pés no mar, parar para ver o pôr do sol (sem celular), plantar ou mexer na terra, fechar os olhos e sentir o vento no rosto, escrever algo, relaxar numa rede, entre tantos outros.

Retirar-se, de vez em quando, é um grande ato de amor para com a gente mesmo. Busque seu mundo interno. Conecte-se.


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