Primeira vez na Índia

O poeta Mário Quintana disse uma vez que “Viajar é mudar a roupa da alma”. Acho que mudei a minha nessa primeira viagem à Índia. Quando me perguntam como foi, falo simplesmente “Transformadora”.

Vou compartilhar com vocês algumas percepções e informações que trouxe na bagagem dessa viagem linda.

A Índia é um país de proporções gigantes. Possui atualmente o 2o lugar em termos populacionais ( já se fala que em 2023 ela passará a China, ocupando o 1o lugar), é o 6o PIB mundial, é o 7o em área geográfica ( o Brasil é 2,5 vezes o tamanho da Índia), tem 65% de sua população alfabetizada, por lá se fala 4 línguas (Hindi, Panjabi, Urdu e Inglês), sua civilização remonta em torno de 7.000 anos (Vale do Hindu) e tem em torno da sua capital Delhi mais de 24MM de pessoas (considerando a grande Delhi).

Em termos religiosos, possui 80% de Hinduístas e 15% de Muçulmanos. O restante 5% é representado pelo Sikhismo, Jainismo, Budismo, Cristianismo, Zoroastro, entre outros.

Teve grande contribuição na matemática, astronomia, medicina, no comércio, além de ser hoje um grande pólo de tecnologia.

Mas tudo isso você poderia encontrar pesquisando na internet. O que a Índia tem de tão especial para ser falada por aqui? Tem espiritualidade, tem história de muitas lutas e um povo diverso que preserva valores e crenças. E é sobre isso que vou escrever.

Não viajei sozinha e também não recomendo isso. Por lá é preciso pessoas de apoio e com conhecimento local. Fui com professores de yoga com larga experiência em viagens para a Índia.

Algumas sugestões nos foram passadas: mente e coração abertos, ter um olhar curioso, prestar atenção naquilo que fossemos experienciando sem trazer apenas para o racional, desconectar um pouco do celular. Mais conexão interna acabou acontecendo. E é assim que experienciamos de verdade um novo local e seu povo, não é?

Estive em Delhi, Agra (cidade do Taj Mahal – vai ter um escrito só para ele) e também em Rishikesh. Nesta última cidade, chegamos no exato dia que acontecia o Festival de Shivaratri.

Shivaratri é um festival que celebra a “Noite de Shiva”, um dos deuses do Hinduísmo. Ele acontece 1 dia antes da lua nova durante as lunações do ano (são 12 celebrações). O mais importante é o que acontece entre fevereiro/março antes da primavera no hemisfério norte. É chamado de “Maha Shivaratri” ( A Grande Noite de Shiva). Na noite mais escura, é quando temos a oportunidade de experienciar a vastidão que existe dentro de nós, superando a escuridão e ignorância, em direção à sabedoria. Nesse ano, muito auspicioso na minha opinião, ocorreu justamente no dia que chegamos em Rishikesh. O rio Ganges (que também vou escrever sobre ele e seus significados para os Hindus) estava lindo ao entardecer.

E sobre Shiva …

No Hinduísmo, Shiva faz parte da Trimurti, trindade de deuses composta por Brahma, Vishnu e Shiva. Shiva é um Mahadeva (grande Deus), responsável pela “transformação” ou “destruição”. Também é considerado o “Criador do Yoga”, dando a capacidade de uma grande transformação em seus praticantes.

Normalmente Shiva é representado na cor azul, que simboliza o céu, infinito e sem forma. O espaço, a consciência.

Se olharmos a figura de Shiva, vemos uma série de elementos que, como toda simbologia, são representantes de determinadas características:

Trishula : o tridente que aparece em algumas representações de Shiva é a arma que destrói a ignorância física, mental e espiritual. Suas 3 pontas representam as qualidades (tamas, rajas e sattvas)

Serpente : representa a imortalidade e também está associada a energia Kundalini que reside adormecida na base da nossa coluna

Rio Ganges : no alto de sua cabeça, representa o rio Ganges fluindo. Conta a lenda que o rio Ganges era muito violento e não poderia descer à terra porque destruiria tudo. Shiva permite que o rio passe antes na sua cabeça para amortecer a violência de sua correnteza

Lua crescente : representa as mudanças e os ciclos da natureza e que Shiva está além das emoções

Fogo: Shiva está associado ao elemento fogo, que representa a transmutação. Nada que passa pelo fogo permanece igual

Damaru : é um tambor que representa o som da criação do universo. No hinduísmo e no yoga temos o som da palavra “om”

Ainda existem outras representações e simbologias ligadas à Shiva, como Nataraja (Rei da Dança), sobre uma flor de lótus, com animais ao seu redor, entre outros.

A ideia deste artigo aqui era trazer um pouco sobre a chegada em Rishikesh, que simboliza e muito o yoga e a espiritualidade que permeia a Índia.

Próximo escrito: Rio Ganges e demais rios sagrados


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