Todo mundo que começa a estudar o yoga, pesquisando livros e boas referências, acaba se deparando com a frase mais conhecida da tradição: “yogascittavrttinirodhaah” (desculpem a grafia – em Sânscrito algumas consoantes possuem acentos que nesse nosso teclado aqui não tem). O mais importante é que, em português, podemos ter uma tradução como sendo “Yoga é o recolhimento das atividades da mente”, ou seja, Yoga é meditação.
Nos “Sutras de Patanjali”, texto tradicional onde a filosofia do yoga foi sistematizada, temos 196 sutras (frases ou estrofes) que foram escritos para explicar todo o caminho do yoga. Este caminho passa por “8 passos” (em sânscrito chamado “Asthanga”), são eles: Yamas e Nyamas (condutas e ética), Asanas (posturas), Pranayamas (controle da respiração), Pratyahara (controle dos sentidos), Dharana (concentração), Dhyana (Meditação) e Samadhi (União do Ser com o Divino).
Sob o ponto de vista do yoga, mesmo que você não seja um praticante, quando você medita, você está fazendo yoga. E para chegar a este “estágio”, para nos sentarmos em silêncio e meditarmos, precisamos trabalhar nosso corpo físico, nossa respiração e nossa mente.
A razão de ser da meditação pode ser entendida como um caminho de transformação interna. Uma exploração da nossa mente. Um processo investigatório.
E todo processo investigatório passa pelo caminho do autoconhecimento. Queremos compreender como a nossa mente funciona em diversas situações. Como respondemos às emoções, como tudo isso afeta a nós mesmos e quem está a nossa volta.
Quando treinamos a mente estamos desenvolvendo e cultivando os hábitos que nos conduzem a melhores escolhas, decisões e momentos de felicidade.
Meditar não é curar nada, muito pelo contrário. Muitas vezes entramos em contato com o que nem é tão bonito assim dentro de nós. Mas isso nos permite ir à raiz de nossos sentimentos e emoções. Vai nos dando a possibilidade de entender como funcionamos e afetamos o mundo a nossa volta. E esse caminho investigatório vai nos mostrando outras possibilidades de escolhas. E escolha é liberdade. E quando temos liberdade, nos tornamos mais felizes.
Claro que a meditação como técnica colabora na saúde integral, trazendo muito benefícios, tais como: concentração e foco, melhoria da qualidade do sono, diminuição da ansiedade e estresse, sensação de bem-estar e tranquilidade, entre outros.
Diversas pesquisas científicas estão acontecendo mundo afora sobre os benefícios da meditação. O Instituto do Cérebro do Einstein vem fazendo pesquisa desde 2003 no Brasil, em pacientes com depressão, Alzeimer, em tratamento de câncer, consequências do envelhecimento, relação com aumento de anticorpos e imunidade, etc. Em todos eles, foram identificadas melhorias diversas quando a prática da meditação é feita a longo prazo (estamos falando de meditadores diários com, no mínimo, 6 meses de práticas para esses estudos).
A ciência moderna nos dando comprovações cada vez mais interessantes sobre os benefícios de práticas milenares.
E para que todo esse processo possa acontecer, encontrar conforto e leveza nessa prática são aspectos fundamentais. Sentar-se, respirar, perceber e sentir. Experenciar. Entrar em contato com a nossa essência. É aí que mora a verdadeira felicidade.
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